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Uma porção angelical da (minha) vida

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Uma porção angelical da (minha) vida  Empty Uma porção angelical da (minha) vida

Mensagem por marrie_r Sex 09 Set 2011, 17:52

Perguntaram-me como estava a ultrapassar a morte do Angélico. Não o fizeram directamente, mas sim através do nome de um grupo no Facebook que me apareceu à frente. Ao que parece, o dito grupo tinha como objecto recolher testemunhos de fãs para posteriormente a SIC apresentá-los ao público. Primeiramente, não tive vontade de participar com as minhas emoções. Desde o acidente do meu ídolo em diante que os media correram ofegantes a explorar a desgraça desmedidamente. Olhei para o grupo que encontrara como mais uma forma de alimentar as audiências esfomeadas de desastres e de mágoas, bem como mais um plano lucrativo usando, como desculpa, a morte de alguém que tantos atingiu pelo seu admirável trabalho e pela sua tendência contagiante. Por isso, ignorei o grupo e segui a minha rotina.
Mas até a rotina é surpreendida por imprevistos. Há umas manhãs atrás fui assaltada por um súbito momento de determinação - determinação em agir, em fazer a diferença.
"Querem que eu diga como estou a encarar a situação? Muito bem, eu falo. Se vão ganhar dinheiro à pala da morte do Angélico de qualquer maneira, ao menos que alguém lhe defenda a honra no programa. Se não for mais ninguém, serei eu."
Decidi-me a ser diferente no meio de alguns prantos que - eu sei - iriam aparecer. Sei que também haveria pessoas com uma atitude semelhante à minha, que iriam admitir a perda que sentiram mas que passariam a mensagem de "guardar a pessoa que ele era com um sorriso nos lábios, porque era assim que ele via e levava a vida, e era assim que ele queria que nós a víssemos e a levássemos também, pois só vendo e levando a vida assim é que tudo faz sentido e o sucesso se alcança". Assim sendo, seria mais uma a oferecer a sua força à armada da magia da alma com todo o coração, para que esta fosse (cada vez) mais invencível.
Infelizmente não fui a tempo de levar as minhas palavras ao programa (que, penso eu, se tratou de uma rubrica abordada ontem ou há dois dias atrás no "Querida Júlia"). Como não sou menina de ficar impune, quero partilhar na mesma, aqui na blogosfera, aquilo que não saiu da minha mente.
Tive um sonho recentemente que me tocou de uma forma particular. Não só me tocou, como me convenceu de que, se o Angélico estivesse vivo em carne e osso, nos confortaria como me confortou naquele sono inocente de quem sentiu tudo como se estivesse acordada:
Queriam levar-me ao Rock in Rio. Os D'ZRT iam actuar reduzidos a 3, pelo que eu não queria marcar presença. Inútil era revoltar-me! Obrigaram-me a ir. Chegando ao recinto e começando o espectáculo, qual não foi a surpresa da multidão, rapidamente eufórica e encantada, quando sobe ao palco a banda com os seus 4 elementos originais. Chegando o fim do concerto, porém, é-nos revelado que aquele Angélico que estava em palco não era senão o TT mascarado. Ouve-se um entristecido lamento vestido de "oh" por todo o recinto de espectadores... apenas eu não me deixei convencer pela revelação do mascarado. A voz, a pele, os cabelos, o jeito, o espírito - tudo aquilo só podia ter sido exposto pelo verdadeiro Angélico! Ninguém o conseguiria copiar tão bem. Criei para comigo a teoria de que o autêntico tinha mesmo estado perante todas aquelas pessoas; contudo, como estava morto e para não revelar essa dimensão um quanto paranormal aos vivos, tinha delineado uma escapatória de improviso, colocando, por meios que nos ultrapassam, no seu lugar, o TT.
Dirigi-me aos bastidores, onde encontrei o Edmundo, o Vintém e o Cifrão a tocar e a cantar uma música que, instintivamente, sabia dedicada ao amigo falecido. Deixando entrar os sentimentos transpostos na melodia e, lentamente, caindo derrotada junto aos bancos onde estes estavam, sentada no chão, deixei sair as lágrimas doridas, escutando-os até ao fim. Quando terminaram, o Edmundo e o Vintém encararam-me directamente com um olhar compreensivo e triste, abraçando-me de seguida. O Cifrão não tardou a juntar-se a nós.
Eis que se sente a presença de um quarto elemento envolvendo-nos. Não foi necessário confirmar quem era.
O Angélico, o genuíno génio de Angélico, estava a abraçava-nos a todos... não era uma mera alma do além, estava realmente ali.
Não tenho a certeza se ele o disse ou se fui eu que o pressenti através daquele abraço, mas a mensagem que me chegou e que me ficou foi um confiante "está tudo bem", acompanhado de um grande sorriso rasgado no seu rosto corajoso.
O Angélico é um herói para mim. É uma daquelas pessoas que passam pelo mundo e dão alegria involuntariamente só por serem quem são, no momento em que o são, a todos os que no mesmo local se encontram. O Angélico é uma inspiração eterna para quem teve o privilégio de o sentir de perto. É um sorriso certo de não se dissolver naqueles que o tiveram - e que provavelmente ainda têm - consigo. Não posso dizer que estou a ultrapassar a morte de alguém. Não. Ele está, como sempre esteve e como sempre estará, comigo. Ao fim e ao cabo, isto não foi uma partida: foi uma entrada; uma entrada permanente em nós. Agora, mais do que nunca, ele e todos os seus ideais, toda a sua magia, está connosco. Somos donos dele. Somos responsáveis pela memória da sua energia, da sua índole, e cabe-nos a nós resguardar tudo isso como deve ser, homenageando-o, assim, como deve ser. Ele existiu para nos dar um pouco dele e partiu para nos deixar mais um pouco. É assim que funciona com os seres humanos que nos são queridos e que se vão antes de nós: primeiro, influenciam-nos vivendo a nosso lado; depois, tornam-se pedaços de nós, vivendo e fazendo-nos viver em nós. Eles vêm, estão e vão para nos dar uma ou muitas mensagem para que nós também possamos vir, estar e ir. Enquanto fã, posso dizer que a maior mensagem que o Angélico nos tatuou se resume a duas palavras: Eu Acredito. E Eu Acredito que "está tudo bem", tal como ele me disse nesse sonho doce que Eu Acredito fiel ao que seria o real. Sei que tenho neste cantinho do meu peito, antes ferido, alguém bonito e isso não pode, de forma alguma, causar dor - só curar; hoje e no futuro.

- escrito dia 31 de Agosto de 2011, aqui, no meu blog.
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